O que é a virtude da curiosidade útil?
Curiosidade útil se refere à habilidade de praticar uma autorregra do tipo: “preciso escolher o melhor fim, esteja ou não sentindo curiosidade”. A prática dessa autorregra pode levar ao assentimento rápido de que um fim “fixado”, relacionado à investigação de algo, é de fato o melhor a ser buscado no momento. Nesse caso, não haveria necessidade de revisar o fim estabelecido, uma vez que ele passou pelo crivo de uma avaliação das consequências com base em teorias.
Um exemplo disso é a decisão de uma pessoa de ler um livro relacionado ao seu campo de atuação ou, até mesmo, de ler conteúdos banais por considerar útil relaxar naquele momento, a fim de recuperar as energias. Contudo, nesse último caso, ao atingir um estado de relaxamento, a pessoa pode — ainda com base no tipo de princípio que estamos propondo — avaliar que continuar investigando coisas banais já não faz mais sentido.
Nesse momento, seria racional deixar a curiosidade de lado e parar de investigar essas coisas, ao perceber que já descansou o suficiente. De repente, a pessoa pode “partir” para outra atividade que compreende como mais capaz de produzir melhores consequências.
Isso acontece com frequência em reuniões de trabalho, quando surge um momento de descontração para relaxar um pouco — o que, inclusive, pode permitir que a equipe volte com mais energia para resolver o problema em questão.
Note agora como a virtude moral da curiosidade útil auxilia no ajuste de intenção. Podemos, inicialmente, nos sentir desinteressados pelo momento de descontração, julgando-o neutro ou até mesmo uma perda de tempo. Isso pode nos levar a voltar a atenção para nossas próprias anotações, por exemplo, para analisar melhor o que vinha sendo discutido na reunião.
No entanto, uma parte da nossa autorregra — que diz “preciso escolher o melhor fim, mesmo sem sentir curiosidade” — pode surgir como um “pop-up” mental, nos chamando a raciocinar melhor sobre a situação. Nesse momento, podemos concluir que é uma boa hora para “investigar” as piadas que estão surgindo na reunião, passando a categorizá-las como algo que vale a pena ser investigado — o que desperta a curiosidade por elas.
Pensata que criei e que têm a ver com o tema:
“Alguém começa a se tornar filósofo quando, em um primeiro momento, não sente raiva das ideias que divergem das suas, mas curiosidade por elas.”
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