Como se comunicar melhor com as pessoas?
É fato que, infelizmente, nosso mundo está repleto de pessoas que não sabem se comunicar bem e, pior, que acreditam que sabem se comunicar de maneira eficaz. Por isso, não estão dispostas a aprender a se comunicar melhor com os outros. Não é à toa que temos no senso comum a ideia de que não é possível conversar sobre certos temas, como política, futebol ou religião, sem acabar brigando.
Uma das consequências de não saber conversar bem é a ocorrência de brigas, que, como mencionei, podem resultar em perdas, como amizades ou até mesmo em danos financeiros, como processos judiciais que poderiam ter sido evitados, como em casos de divórcios permeados por ofensas.
Outra consequência de uma comunicação ineficaz é a falta de conversas produtivas, que realmente levam a algum lugar. Essas conversas, embora não resultem em perda de amigos ou dinheiro, acabam gerando apenas perda de tempo.
Podemos perceber, então, que existem três tipos de conversas: o embate, a conversa civilizada e o diálogo, sendo o diálogo o melhor tipo de conversa a se ter.
No embate, o mais óbvio é a discussão agressiva. Mas nem sempre é assim; uma das partes pode se manter calada, mas, no fundo, ainda está brigando. Isso configura um embate menos óbvio.
Na conversa civilizada, não há briga, nem mesmo disfarçada, mas também não há um esforço mútuo para tratar de temas que interessam a ambas as partes. É o tipo de conversa em que, pelo menos uma das partes, não está realmente interessada no que a outra tem a dizer.
Por outro lado, no diálogo, há uma confluência de interesses e objetivos. Uma pessoa, por exemplo, pode ter o interesse genuíno de promover o bem do outro, o que a leva a sentir compaixão e a querer falar algo "de coração". Já o outro pode estar interessado em saber como resolver a dificuldade em que se encontra, o que o motiva a buscar o conselho da pessoa. Como resultado, cria-se uma relação de cooperação, em que ambos buscam alcançar objetivos que se alinham: o de ajudar e ser ajudado.
Podemos, então, concluir que a estrutura básica de um diálogo é composta por três elementos: confiança mútua, compartilhamento de informações e cooperação na busca de objetivos convergentes. Ou seja, para que um diálogo genuíno ocorra, essas três coisas precisam estar presentes.
A cooperação mais profunda entre seres humanos não ocorre de maneira automática; ela depende da crença de que o outro não irá nos explorar. Em outras palavras, depende de acreditarmos que o outro é confiável. No contexto de uma conversa, isso significa que, se não confiamos no outro, a tendência é manter a interação superficial.
Não nos sentimos à vontade para expressar nossas verdadeiras opiniões nem para buscar objetivos comuns. A confiança mútua é, portanto, condição essencial para o compartilhamento de informações e para a realização de objetivos convergentes. Contudo, a confiança por si só não é suficiente. Também é necessário que os objetivos das partes realmente se alinhem.
Agora, vou apresentar três estratégias capazes de sustentar um diálogo, ajudando a manter "viva" sua estrutura. Como você verá, cada estratégia tem um foco principal: estimular a confiança no outro, o compartilhamento de informações ou o interesse na realização de objetivos convergentes.
Primeira Estratégia: Mostrar evidências de atenção e interesse
Demonstrar que estamos prestando atenção e que temos interesse no que o outro está dizendo fortalece tanto a confiança mútua quanto o compartilhamento de informações. Ou seja, ao ouvir genuinamente as ideias do outro, mostramos que estamos aliados. Afinal, ninguém se interessa pelo que um inimigo pensa, não é mesmo? Uma boa maneira de demonstrar atenção é espelhar o que o outro disse, repetindo alguma palavra-chave em forma de pergunta, estimulando-o a continuar compartilhando mais informações.
Segunda Estratégia: Colocar sugestões ou ideias divergentes sob a forma de pergunta
Colocar uma sugestão de maneira a permitir que o outro sinta que o poder de escolha está em suas mãos — isto é, que ele pode aceitar ou rejeitar a sugestão — é uma forma eficaz de não parecer que estamos tentando dominá-lo. Por exemplo, é bem diferente dizer “Você deveria comprar um carro novo” do que “Você não acha que deveria comprar um carro novo?”. Essa abordagem estimula o outro a adotar uma postura investigativa, tanto em relação ao que estamos propondo quanto às suas próprias crenças.
Terceira Estratégia: Expor objetivos convergentes
Quando os objetivos não estão claros, é importante destacá-los. Um exemplo: certa vez, eu e um amigo tivemos um impasse ao elaborar um texto em conjunto. O projeto era mais meu do que dele, e o texto não saía do lugar. Ele disse: “Flávio, exerça seu poder e coloque as coisas do jeito que você acha certo, eu não vou me incomodar!”. Eu respondi: “Não, nosso objetivo aqui é encontrar a verdade. E as chances de estarmos tocando em algo verdadeiro são muito maiores se ambos concordarmos que o que estamos dizendo faz sentido”. O que fiz foi tornar claro o objetivo comum que ambos tínhamos: descobrir a verdade. No fim, conseguimos escrever um excelente texto juntos.
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