O que são as emoções?

As emoções estão sempre presentes no nosso dia a dia e são facilmente percebidas. É quase impossível não notar uma emoção quando ela surge, mas compreendê-la pode ser um pouco mais difícil.

De maneira geral, vejo as emoções como reações psicofisiológicas que surgem a partir das avaliações que fazemos das situações ao nosso redor. Por exemplo, se avaliamos algo como uma ameaça, como ocorre em momentos de raiva, sentimos essa emoção.

No entanto, essa é uma compreensão superficial das emoções. Ao analisá-las mais profundamente, podemos perceber que elas surgem de uma avaliação mais complexa: avaliamos se precisamos buscar um objetivo ou se tivemos sucesso ou fracasso em alcançá-lo.

Podemos, então, dividir as emoções em duas categorias principais: emoções de trajetória e emoções de resultado.

Emoções de trajetória são reações psicofisiológicas que surgem quando avaliamos que um objetivo deve ser alcançado. Por exemplo, o medo surge quando avaliamos que precisamos buscar o objetivo de escapar de uma ameaça; a raiva surge quando avaliamos que precisamos eliminar uma ameaça; o anseio surge quando avaliamos que precisamos buscar um benefício; a compaixão surge quando avaliamos que precisamos ajudar um aliado ou potencial aliado; e a curiosidade surge quando avaliamos que precisamos investigar algo novo.

Essas emoções preparam o nosso corpo para agir em busca do objetivo. A raiva, por exemplo, pode gerar aumento nos níveis de testosterona, aumento da pressão sanguínea e contração muscular, proporcionando uma sensação de força e autoconfiança, facilitando a ação necessária para enfrentar a ameaça.

Emoções de resultado, por sua vez, são reações psicofisiológicas que surgem da avaliação de que alcançamos ou não o objetivo que buscamos. A alegria surge quando avaliamos que um objetivo foi alcançado, e a tristeza surge quando avaliamos que não conseguimos alcançá-lo.

Essas emoções nos ajudam a avaliar o sucesso ou fracasso dos meios utilizados para alcançar o objetivo. Por exemplo, se fazemos um gol de uma maneira específica, a alegria serve para reforçar que essa maneira de chutar a bola foi eficaz, e, no futuro, tenderemos a usá-la novamente.

Já a tristeza, por sua vez, nos sinaliza que algo não deu certo. Ela nos leva a buscar novos meios de alcançar o objetivo, como, por exemplo, se tentarmos uma abordagem para conquistar alguém e, ao fracassar, ficamos tristes. Nesse momento, a tristeza nos indica que devemos tentar algo diferente no futuro.

Compreender que as emoções de trajetória estão sempre associadas a objetivos específicos nos ajuda a analisar se o que estamos sentindo é adequado ao contexto. Por exemplo, é inadequado sentir raiva quando um amigo simplesmente discorda de nossa opinião. Raramente, a discordância de um amigo significa que estamos realmente diante de uma ameaça. Muitas vezes, sentimos raiva porque interpretamos a discordância como uma tentativa de dominação, algo que sentimos ser necessário eliminar. Nesse caso, podemos substituir a raiva por curiosidade, buscando entender melhor o que ele está dizendo.

Esse processo de vigilância sobre nossas emoções de trajetória é importante. Se uma emoção não se ajustar ao contexto, podemos ajustar o objetivo que está em nossa mente, buscando emoções mais adequadas à situação. No caso da discordância, ao invés de eliminar uma ameaça, podemos focar em compreender a perspectiva do outro, o que nos levaria a sentir curiosidade.

Da mesma forma, entender que as emoções de resultado refletem a avaliação de sucesso ou fracasso nos ajuda a avaliar se o que estamos sentindo se aplica ao contexto. Por exemplo, se uma pessoa pede ajuda, mas sabemos que ela precisa aprender a se virar sozinha para ganhar autoconfiança, podemos avaliar que a compaixão aqui envolve uma omissão, permitindo que ela se resolva sozinha.

No entanto, se essa pessoa começar a chorar, podemos avaliar erroneamente que houve um fracasso em nossa tentativa de ajudá-la. Nesse caso, uma revisão da avaliação inicial é necessária. Sabemos que o sofrimento dela pode fazer parte do processo de aprendizado e autoconfiança, e, ao reconsiderar, evitamos sentir tristeza desnecessária, pois o objetivo de ajudá-la ainda pode estar sendo cumprido, mesmo com a dor momentânea.

Quem adquire o hábito de fazer essas revisões tende a experimentar mais alegria ao longo da vida, pois evita sentir tristezas além do necessário, mantendo o foco nas avaliações mais adequadas ao contexto.

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