Como é a estrutura da evolução do saber humano?

Gosto muito da metáfora da árvore que Thomas Kuhn usa para ilustrar a evolução do conhecimento humano. Ela não pretende descrever uma estrutura exata, mas sim destacar que o conhecimento não evolui de forma linear. Em certos casos, teorias antigas — que estariam nas partes mais baixas da árvore — podem ser superiores a teorias mais recentes, situadas em galhos mais altos. 

Essa metáfora pode ser expandida. Além de representar a não linearidade da evolução do conhecimento, ela também pode nos ajudar a entender sua estrutura.

Nesse sentido, podemos imaginar:

  1. As raízes: representam as estruturas cognitivas básicas, cuja função é absorver elementos do mundo exterior para alimentar o pensamento.

  2. A seiva: simboliza os raciocínios. São eles que percorrem toda a estrutura da árvore e, quando conduzem a conclusões sólidas, geram crescimento.

  3. O tronco: formado por conclusões básicas e autoevidentes — verdades que até os animais não humanos são capazes de perceber, como a existência de água, areia, frutas, animais perigosos, etc. São constatações diretas da realidade.

  4. Os galhos: representam os caminhos do pensamento humano. A partir do tronco, surgem raciocínios mais complexos, voltados à explicação da realidade. Esses galhos são teorias, escolas de pensamento, interpretações. Alguns crescem e se ramificam; outros param ainda no início.

  5. O céu: representa a verdade absoluta — o conhecimento pleno da realidade. Nenhum galho ainda o tocou, mas alguns se aproximam mais do que outros. Os galhos que sobem mais alto são aqueles alimentados por raciocínios que produzem mais verdades do que falsidades. Já os que estagnam são os que, em algum ponto, passaram a só produzir falsidades, e, assim, deixaram de crescer.

Os processos que permeiam essa estrutura nos mostra a importância do questionamento constante. Uma pessoa que seguiu um determinado galho até seu fim pode perceber que ele não leva mais adiante. Nesse caso, é necessário revisitar o tronco — as verdades fundamentais — e buscar outro caminho, talvez em uma teoria mais antiga, com o objetivo de encontrar um galho que ofereça maior acúmulo de verdades e maior aproximação com o céu.

Como toda árvore real, esta também não toca o céu. Mas, diferente das árvores do mundo natural, essa pode continuar crescendo. Isso porque o conhecimento humano é cumulativo: cada geração pode aprender em vida tudo aquilo que os pensadores anteriores já descobriram — e, a partir daí, oferecer suas próprias contribuições. Quando seguimos até o limite de um galho fértil, podemos adicionar novos raciocínios e novas conclusões verdadeiras. Assim, ajudamos o galho a crescer ainda mais.

Dessa forma, a árvore do conhecimento humano se expande — aos poucos, em direção ao céu.

Este post foi inspirado no livro A Estrutura das Revoluções Científicas (Thomas S. Kuhn), o qual recomendo fortemente.

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